quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Teje presa!!

E não é que eu fui parar numa delegacia!!!!
Hoje eu dou risada quando eu lembro, mas no dia foi um perereco, que Deus nos acuda!
Bora lá que eu vou contar:
-Era julho de 93, sai de Santarém e fui pra Belém passar umas férias com uma amiga minha Conce (vou dar este apelido a ela, pra não expor a moça, tá??)
Foram as férias mais felizes e tristes ao mesmo tempo, da minha vida!
Dormíamos as 7h da manhã e acordavamos as 15h.
Ainda não tinha toda aquela parte das docas arrumadas, era só um monte de carro estacionado e a gente vendo o movimento.
Pois bem, antes deu chegar ela havia conhecido uns meninos L-I-N-D-O-S que posavam como bad boys e eram tão, mas tão charmosos que era impossivel resistir a eles!!!
Eles faziam graça, sabe aqueles meninos nascidos em berço de ouro que são rebeldes SEM causa?
Brigavam, faziam arruaça, baderna, eram expulsos de restaurantes e os diabinhos eram lindos... lindos, lindos e lindos. Lindos de Pai e Mãe!!!
Ken Wahl - Não é lindo?
O moreno, vou chamar de Alexandre (pq era a cara do Alexandre Frota bem novinho) e o branquinho que vou chamar de Ken (pq era idêntico ao ator Ken Wahl da série WiseGuy - O homem da máfia).
PAUSA:
a música MR. VAIN do culture beat é a cara desta época!

Pois bem, ficamos com eles, e ficamos juntos umas duas semanas, pra cima e pra baixo (no bom sentido, suas loucas!) e eles foram viajar, e nós fomos levar o Ken no aeroporto, e ele deixou com a Conce um revólver 38, pois não poderia embarcar com ele.
Voltamos pra casa,  meio que chorando, mas de noite fomos pra gandaia.
Fomos buscar o Christian, um dos amigos dos meninos e fomos dar um rolê, fomos pra Doca, e paramos por lá.
E do outro lado da avenida, tinha uns caras que a Conce já conhecia desde antes de eu chegar, e eles eram aqueles caras feios e nojentos, que xingam as mulheres.
E do nada, sem que a gente tivesse feito qualquer coisa,  eles começaram a xingar a Conce (pq eu não sei!) pareciam crianças, chamando a menina de perna de garça, chamando ela de baranga... (depois soubemos que eles eram meio que "rivais" do Alexandre e do Ken, e como nos via junto com eles, achavam que éramos da mesma turminha "vidaloca"!)
Nós decidimos ir embora, demos uma volta, e a Conce resolveu dar uma segunda volta pra passar na frente dos xingadores, e quando estavamos na frente deles, a louca tirou o revolver pra fora e apontou pra eles, ameaçando.
E nós 3 dentro do carro , inconsequentemente rimos muito e fomos embora.

Decidimos ir comprar frutas (piração, né?) numa banca de frutas na praça da república, e quando estávamos escolhendo as uvas, 03 viaturas (eu disse 03) nos cercaram e "MÃO PRA CABEÇA, MELIANTE, DOCUMENTOS"   na hora comecei a chorar, e pensava na minha mãe, no meu pai,  e eu querendo cavar um buraco com a língua ali mesmo pra fugir...
e vai todo mundo pra delegacia.
Eu chorava, e pedia pro guarda, pendurada nele:

"PELOAMORDEDEUS moço, eu não sou daqui, eu não tenho documento, só tenho CIC, num faz isso com a gente"
"PELOAMORDOS SEUS FILHOS, minha mãe vai me matar, meu Pai nunca mais vai falar comigo, eu tô de férias, moço, me ajuda, não faz isso.."


A merda, foi que, ao apontar a arma pro grupo que estava na Doca, a Conce (nem a gente) sabia que no meio do grupinho, tinha um procurador de justiça do estado.
Na hora ele chamou as viaturas, passou placa e seguiu-se a perseguição, por pura implicância do cara mesmo.
Fomos pra delegacia, o Christian ficou separado da gente, e ficamos numa sala com a delegada, que falou um monte pra gente  (e eu rezando baixinho pra São Judas Tadeu (das causas impossíveis) nos livrar daquela enrrascada) me imaginando fichada, tocando "piano" e atrás das grades.
O pior não era pensar em toda essa situação, o pior mesmo era pensar na reação de fúria da minha mãe e de desapontamento do meu pai!
Mas graças a Deus e a São Judas, eles só apreenderam a arma, e nenhum de nós precisou ser fichado, nem deixar as impressões digitais.
Levamos uma bronca e uma lição de moral gigantesca da Delegada, ficamos de castigo lá, levando um chá de cadeira de umas 3h, até eles "decidirem" nos liberar.
Lembrando agora, tenho consciência que foi um "abuso de poder" e eles se valeram da nossa culpa e ignorância pra nos darem esta lição.
Deixamos o Christian na casa dele, e amanhecendo o dia chegamos no apartamento.
Resultado:

-Conce teve que pagar o valor da arma pro Ken (eu não tinha nem da onde tirar pra pagar..)
-Christian NUNCA mais falou com a gente, e virava a cara quando a gente chegava...só faltava tirar a cueca e sapatear em cima, de tanto ódio!
-O tal procurador/delator, pegou o telefone do apê (acho que por causa dos dados deixados na ocorrência) e dias depois nos ligou, querendo ir jantar comigo. (Lógico que NÃO FUI!!! se fosse, era capaz de furar ele todinho com o garfo!)
-Providenciei todos os meus documentos, pq até então, eu só tinha mesmo o passaporte (pq era obrigatório pra eu ter ido em uma excursão anos antes) e o CIC.
-Depois de uns 2 ou 3 anos, o Alexandre teve uma recaída, se afundou nas drogas e  infelizmente cometeu suicídio com um tiro na cabeça. (parece aqueles casos típicos de quem tem tudo à mão, é extremamente infeliz, não recebeu limites dos pais, e vai em busca te qualquer coisa que o preencha...)
-Ken,  mesmo após a morte triste do amigo, continuava na rebeldia sem causa, e numa noite que tinha tomado todas, provocou um acidente de carro que matou dois rapazes, foi preso, fugiu, apareceu até no extinto programa LINHA DIRETA , foi denunciado por um espectador, foi preso de novo, fugiu, preso, fugiu, se juntou com uma ribeirinha, tem dois filhos, morava no sertão do Ceará (cadê o glamour??), foi preso  de novo, conseguiu um habeas corpus e sumiu.
-- E eu nunca, nunca mais, cheguei perto de uma arma de fogo.

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