perrengues....

...voltando a história da minha vinda para Campinas, como escrevi anteriormente, vim meio que forçada, e quando cheguei foi aquela decepção com o lugar onde iria morar...
Era início de Maio, fazia frio pra caramba, ainda mais pra mim, acostumada com STM... eu não tinha tênis, e muito menos meias, meus pés davam até choque quando eu encostava no chão de piso frio...Banho era um martírio, chuveiro de 110v, que só esquentava se caísse em gotas.... Minha pele rachou, literalmente "craquelou".
Era uma casa (apê) que não tinha nada, não tinha tv, não tinha som, nem telefone....
O Rodrigo trabalhava o dia inteiro e de noite ia pro Anglo, eu ficava no apartamento, eu limpava, cozinhava e lavava roupa (na mão, naquele frio!!!)
Gastei todo o dinheiro que havia trazido logo quando cheguei, fiquei dura... e dai que a comida foi acabando, a lata do nescau esvaziando... por alguns dias, eu almocei e jantei pipoca, pois milho, óleo e sal  eram as únicas coisas no armário... Rodrigo não percebia ou não ligava, pq almoçava e jantava na rua, então tanto fazia...
Minha tia/madrinha, ainda estava por aqui, e ela é metida a doceira, boleira, quituteira e é cheia de querer vantagens...
No dia que cheguei , trouxe um isopor (típico de paraense) com guloseimas pro meu irmão, e ela na cara dura, abriu o isopor e comeu TODOS, eu disse TODOS os maracujás doce que minha mãe havia mandado pro meu irmão...sem pedir!!!
Por várias vezes, ela tinha a cara de pau de ligar na casa da vizinha, pedir pra me darem um recado, pra eu ir naquele instante pra casa dela...e eu ia...andando, pq estava sem grana pro busão...quando chegava lá, era pra lavar louça...eu olhava aquela pia gigante, com louça suja por todos os lados... e eu tinha a obrigação de fazer... e não ganhava um pão de mel sequer (que ficavam enfileirados, cheirosos, secando, só me olhando...) e nem sequer um obrigado!!!! Eu fazia serviço de banco, de faxineira, de menina de recado... e depois de umas 7 ou 8 vezes que cai nessa, quando a vizinha vinha me dar o recado eu pedia pra ela dizer que não tinha me encontrado....
Outra vez, ela me fez trabalhar na festa junina da AABB, por 3 noites seguidas, fazendo suco, o maior frio que eu já tinha passado, meus pés congelando na minha sandália de dedo (não tinha nenhum sapato fechado)... e ela me deu como "pagamento" um prato de vatapá, frio, no final da festa!...
Depois disso, eu aprendi a técnica de "SUMIR", me trancava no ap, fingia que não tinha ninguém, inventava desculpas...
Minha mãe acha que até hoje eu tenho que agradecer e rezar um terço e meio por ela toda a noite... kkkkkkkkkkkk...Talvez até tenha, pra agradecer a ela, que me ensinou com tanta maestria, que parente a gente não escolhe!!!