quinta-feira, 26 de maio de 2011

As dores do Mundo

Era final de Julho de 1997, recebi um telefonema da minha Avó Nydia, e ela chorando só falava ;"Minha filha, o seu Pai... " e chorava...e eu já em desespero, chorando, perguntava o que tinha acontecido (minha cabeça pensando "mataram!!!) e sem coragem de fazer a pergunta crucial "Ele morreu??" ... até que ela se acalmou e disse que meu pai estava no garimpo (daí o "mataram" da minha cabeça paranóica) estava tomando café da manhã, levantou da mesa e caiu no chão, e só acordou no hospital já em Itaituba, mas estava vivo.... Foram minutos e horas de agonia, sem saber o que estava realmente acontecendo e milhares de perguntas e idéías absurdas fermentando na cabeça...PARÊNTESE - o curioso é que uma semana antes, conversando com a psicóloga, ela havia me perguntado qual era meu maior medo, e eu respondi que meu maior temor era que meus pais morressem sem eu poder tê-los visto com vida antes ( há mais de 03 anos não via meu pai)...

Meu Pai foi levado pra Santarém, onde fez exames e foi diagnosticado com um AVC (acidente vascular cerebral), um Aneurisma Basilar Gigante, foi medicado e indicado para a cirurgia, pois o caso dele não era possível de controlar com medicamentos...Tinha uma bomba relógio na cabeça!
No início de Agosto meu Pai chegou em Campinas, veio com a minha irmã Nydia, nem ficou no apartamento, já foi direto pro consultório do Dr. Hervê ( onde conheci uma menina incrível, a generosidade em pessoa, Adriana) e ele nos encaminhou para a equipe do Dr Roberto Zuiane.
Exames feitos, confirmado o primeiro diagnóstico e era operar ou operar, com grandes chances de ficar na mesa de cirurgia... Meu pai foi direto pro hospital, onde ficou internado uns dias se preparando para a cirurgia. Eu ia vê-los todos os dias, tive a chance de abraçar, conversar (estava lúcido) e dizer o quanto o amava.  
Nunca vou esquecer, de um dia que cheguei ao hospital para ficar com ele,  bati na porta e entrei, meu pai estava sentado numa cadeira e o enfermeiro estava cortando com a máquina o cabelo dele, ele me viu e sorriu!!!
... A cena foi demais pra mim, foi quando realmente a ficha caiu e percebi que a situação era grave... Sai e chorei compulsivamente no corredor.... quando entrei, sem que ele percebesse, juntei uma mecha de cabelo dele e guardei...ainda tenho comigo até hoje....
CONTINUA



Nenhum comentário:

Postar um comentário